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ACERVO

A coleção de arte popular brasileira, que constitui a grande maioria da coleção de Arte de Carlos Augusto Lira, faz a mostra inaugural do Instituto Lira, sob o título “Viva a Arte Popular Brasileira”, que apresenta uma seleção deste segmento. A exposição oferece um passeio pelos vários brasis: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste, Sul. Um pouco da alma de cada lugar e das diferenças e convergências entre nossos recantos. Depois deste primeiro momento, estão previstas exposições de outros segmentos da coleção, como os vidros opalinados, joias antigas do Nordeste e utilitários de prata.
De tão vasta, a coleção de popular oferece subdivisões, como arte erótica, plumária indígena e utilitária, entre outras. E em cada uma dessas divisões, novas subdivisões surgem. Entre utilitários, por exemplo, a coleção de candeeiros de lata, a colheres de pau e a de potes de barro. Na arte sacra tem-se a coleção de imagens de São Sebastião, crucifixos, Nossas Senhoras. E ainda há entre imagens a divisão por materiais, como barro e madeira e, entre elas, as coleções por artistas: Severino Vitalino, Geraldo Dantas, Dezinho, Antônia Leão, para citar alguns.
Já se tentou uma curadoria das peças da Coleção Lira: em vão. É possível até separá-las por autores, materiais, temas, mas o gosto do colecionador cria uma composição tão harmônica e complementar que avisa sobre a impropriedade de se reagrupar ou descartar itens, por exemplo.
É muito claro em tudo o que se vê nela, o olhar transgressor do colecionador, desapegado de padrões, inclusive do preço da matéria-prima de cada peça. Assim pouco importa se o objeto é de barro, prata ou ouro: os valores estão no que elas contam. E, quanto a padrões estéticos, isso também vale – perfeitas dentro dos padrões clássicos, ou imperfeitas: há paralelos entre ideias antagônicas, como arte erótica ou clássica.
Assim, nomes desconhecidos convivem com eruditos do quilate de Portinari. O brilho suave dos oplalinados de Gallé e Tiffany realça a arte sacra rústica na sala de sua casa. E nada briga, ao contrário: há uma convivência que ilumina o conjunto e elimina fronteiras. Idiomas e sotaques se entendem, assim como conversam acadêmicos e populares. É a arquitetura agregando à arte.
Para ele, não são itens, e sim companheiros do dia-a-dia, que inclusive têm o direito a envelhecer sem a ocultação das rugas do tempo, mas com o conforto de todos os cuidados de manutenção.

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